O Propósito Humano: Uma Existência Além da Natureza

REVISTA MINARETE 25

Antonio Gueiros Bezerra Junior Emir Abu Zainab

2/3/20253 min read

brown bee on a flower close-up photography
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O ser humano, do ponto de vista ecológico, apresenta uma característica peculiar: ao contrário de outras espécies, não desempenha um papel essencial no equilíbrio natural. Enquanto animais como abelhas, lobos e plânctons contribuem ativamente para a manutenção dos ecossistemas, a presença humana frequentemente resulta em destruição ambiental. Se a natureza seguisse apenas um princípio utilitário, o ser humano deveria ter sido eliminado pelas leis da seleção natural. No entanto, ele não apenas sobreviveu, como dominou o planeta. Diante desse paradoxo, a única explicação lógica para sua existência é que seu propósito não está na natureza, mas em uma dimensão superior.

Diversas espécies são indispensáveis para a manutenção da vida na Terra. As abelhas realizam a polinização, permitindo a reprodução das plantas; os lobos controlam populações de herbívoros, evitando a devastação da vegetação; e os plânctons produzem grande parte do oxigênio que respiramos. O ser humano, por outro lado, não realiza nenhuma dessas funções e, ao contrário, frequentemente age como um agente destrutivo, poluindo oceanos, desmatando florestas e extinguindo espécies. Se sua existência fosse justificada apenas por sua função ecológica, sua presença seria, no mínimo, dispensável.

Pela lógica da seleção natural, apenas os organismos mais adaptados ao ambiente deveriam prosperar. No entanto, o ser humano possui características que deveriam torná-lo uma espécie inviável: nasce frágil e dependente, não possui defesas naturais como garras ou presas e não é veloz para fugir de predadores. Sem tecnologia, seria facilmente extinto. Ainda assim, não apenas sobreviveu, como se tornou dominante. Isso demonstra que sua existência não pode ser explicada apenas pelas leis naturais, sugerindo que há uma razão maior por trás de sua presença na Terra.

Alguns poderiam argumentar que o ser humano compensa seu impacto ambiental negativo por meio da ciência e da tecnologia, que permitem restaurar a natureza. No entanto, essa visão ignora que a maior parte dos danos ecológicos foram causados pela própria humanidade, diferentemente de outras espécies que mantêm naturalmente o equilíbrio ecológico. Outros poderiam dizer que a inteligência e a criatividade humanas justificam sua existência, mas isso não explica por que sua consciência o leva a questionar moralidade, espiritualidade e propósito — reflexões sem utilidade biológica direta. Ainda há quem defenda que a humanidade não precisa de um propósito, pois seria apenas um acaso da evolução. No entanto, a complexidade e a ordem do universo indicam que a existência humana não é fortuita, mas parte de um plano superior.

Se a natureza não justifica a existência humana, qual seria sua razão de ser? A resposta está na espiritualidade. No Islã, Deus declara: "E não criei os jinns e os seres humanos, senão para Me adorarem" (Alcorão 51:56). Isso significa que a verdadeira função do ser humano não é ecológica, mas teológica: ele foi criado para reconhecer e se submeter ao Criador. Sua inteligência, consciência e capacidade de refletir sobre a própria existência são provas de que sua vida tem um propósito superior, algo que nenhuma outra criatura possui. Assim, longe de ser apenas um ser biológico, o ser humano é uma criatura espiritual cuja razão de ser está na adoração e na busca pelo Criador.

Referências:

Alcorão Sagrado. Tradução de Samir El Hayek. 10. ed. São Paulo: Editora Islâmica, 2016.

Darwin, Charles. A Origem das Espécies. São Paulo: Martin Claret, 2003.

Ibrahim, I. A. Um Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã. Houston: Darussalam, 2007. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2025.

Pacheco, Mírian Liza Alves Forancelli; Fagundes, Marcelo; Osés, Gabriel Ladeira; Soares Junior, Wilson. "Ecologia e Evolução Aplicadas ao Estudo do Registro Arqueológico". Revista de Arqueologia Americana, n. 35, p. 7-24, 2017. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2025.

Pacheco, Mírian Liza Alves Forancelli; Fagundes, Marcelo; Osés, Gabriel Ladeira; Soares Junior, Wilson. "As Relações entre o Homem e a Natureza e a Crise Ambiental". Monografia, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz, 2010. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2025.